Pages

segunda-feira, 23 de junho de 2014

NoCinema: TRANSCENDENCE - A REVOLUÇÃO

Transcendence-EUA
Ano: 2014 - Dirigido por: Wally Pfister 
Elenco: Johnny Depp, Paul Bettany, Rebecca Hall

NOTA: «««««

Sinopse: O dr. Will Caster (Johnny Depp) é o mais famoso pesquisador sobre inteligência artificial da atualidade. No momento ele está trabalhando na construção de uma máquina consciente que conjuga informações sobre todo tipo de conteúdo com a grande variedade de emoções humanas. O fato de se envolver sempre em projetos controversos fez com que Caster ganhasse notoriedade, mas ao mesmo tempo o tornou o inimigo número 1 dos extermistas que são contra o avanço da tecnologia - e por isso mesmo tentam detê-lo a todo custo. Só que um dia, após uma tentativa de assassinato, Caster convence sua esposa Evelyn (Rebecca Hall) e seu melhor amigo Max Waters (Paul Bettany) a testar seu novo invento nele mesmo. Só que a grande questão não é se eles podem fazer isto, mas se eles devem dar este passo.



O diretor de fotografia em um filme é tão importante quanto o próprio diretor. Em alguns aspectos, até mais. Enquanto o diretor delega os trabalhos para cada departamento, expondo suas ideias e trabalhando para colocar em prática sua visão, o diretor de fotografia é o que dá o tom visual da imagem do filme e aquele que cuida de toda a dinâmica da câmera. Por isso que é extremamente comum um diretor de fotografia assumir a direção de um longa-metragem. 

Portanto, o que esperar de um filme dirigido por Wally Pfister, ganhador do Oscar de melhor fotografia por “A Origem” e que trabalhou nos filmes de Christopher Nolan (Trilogia Batman) desde “Amnésia”? Sem falar que temos Johnny Depp como protagonista e uma história que fala de neurociência e os perigos da tecnologia autossuficiente. O mínimo que se espera é uma obra boa que faça jus a tantos pontos a favor. Mas também quando o resultado final passa longe disso, a decepção é absurdamente grande. 


Ouvindo todo o murmurinho dos críticos norte-americanos com o filme já fui com a mentalidade de que seria uma bomba. Mas ainda assim, com certa esperança por ter um dos meus atores preferidos da atualidade. No fim, confesso que não acho o filme uma porcaria, mas, de fato, está longe de ser uma obra espetacular. Há momentos competentes e gosto desse ritmo ascendente de tensão e pesado, um tom que nitidamente remete ao cinema de Nolan, mas “Transcendence”, infelizmente, está muito aquém do que poderia ter sido. 

Primeiro porque o filme comete aquele pecado mortal, muito comum em Hollywood, de conduzir sua história a favor de um romance e achar que sem isso o público dificilmente se identificará com o filme. Ou por simplesmente achar que um casal apaixonado na história dará maior profundidade e emoção ao mesmo. Tudo papo furado! O próprio Nolan já provou que isso não é necessário, e aqui, o roteiro de “Transcendente” faz questão de não se aprofundar nas questões mais interessantes da história, passando superficialmente por elas, para focar principalmente na relação amorosa dos personagens de Johnny Depp e Rebecca Hall, que são casados e procuram viver juntos, mesmo depois da consciência de Depp ter sido upada para um computador. 


Como se não bastasse, o filme é incessante nas frases de efeito e naquele clima melancólico e emotivo querendo criar o suspense em torno do casal protagonista. Se fosse o tom explicativo e realista do Nolan juntamente com uma história focada nos temas que ela aborda, criando um conflito que envolvesse as consequências de ter um máquina dominando o planeta, o filme poderia ter sido muito melhor e interessante de se assistir. Aqui, como já dito, tudo é desperdiçado em um romance nada envolvente, e os demais conflitos são postos em segundo plano. Os grupos pró-orgânicos, que no começo do filme atacam várias empresas de nanotecnologia e atiram no personagem de Depp, são meros coadjuvantes e sua causa nunca é delineada para o público que mal consegue julgar se são válidas ou não. E pra piorar ainda mais, o roteiro com frequência busca resoluções instantâneas não explicando como algumas coisas acontecem. Exemplo disso é a volta de Johnny Depp em carne osso nos instantes finais do filme e cuja unica justificação do roteiro é a frase "eu arrumei um jeito de voltar" (?), e que se exploda o público para entender como.

Equivocado e mal aproveitado, “Transcendence” entra no hall dos filmes que tinham tudo pra dar certo mas no fim, foram prejudicados por um péssimo roteiro. Há momentos que você se envolve, não é um filme impossível de se ver, mas olhando o potencial que tinha, é realmente triste e frustrante, principalmente em ver um ator competente e criativo como Johnny Depp se perdendo numa fase alarmante de sua carreira. Seu último filme memorável foi em 2007 com “Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”, depois disso... uma pena. Fraco!

Comentário por Matheus C. Vilela

1 comentários:

Unknown disse...

Kate Mara, Cillian Murphy, Cory Hardrict e Cole Hauser completam o elenco. Este thriller de ficção científica mais de 100 minutos, eu gostei. Transcendence é um filme estranho e muito futurista que eleva a curto prazo um futuro muito sombrio para toda a humanidade. A coisa interessante sobre este filme é o debate e o dilema moral que surge quando se discute os limites da ciência e tecnologia. Transcendênce é o primeiro filme que fez Wally Pfister, diretor de fotografia de quase todos os filmes de Christopher Nolan.