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sábado, 2 de fevereiro de 2013

O LADO BOM DA VIDA

Silver Linings Playbook/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: David O. Russell

Sinopse: Por conta de algumas atitudes erradas que deixaram as pessoas de seu trabalho assustadas, Pat Solitano Jr. (Bradley Cooper) perdeu quase tudo na vida: sua casa, o emprego e o casamento. Depois de passar um tempo internado em um sanatório, ele acaba saindo de lá para voltar a morar com os pais. Decidido a reconstruir sua vida, ele acredita ser possível passar por cima de todos os problemas do passado recente e até reconquistar a ex-esposa. Embora seu temperamento ainda inspire cuidados, um casal amigo o convida para jantar e nesta noite ele conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma mulher também problemática que poderá provocar mudanças significativas em seus planos futuros.


David O. Russell vêm conquistando aos poucos o seu lugar em Hollywood como um dos diretores mais consistentes atualmente. Depois de “Três Reis”, de 1999, e “Huckbees – A Vida É Uma Comédia”, de 2004, Russell ficou um tempo parado e voltou só em 2010 com um dos meus filmes preferidos daquele ano chamado “O Vencedor”. Apresentando uma maturidade notável tanto na condução da narrativa quanto na direção dos atores, oferecendo uma liberdade que possibilita uma entrega maior por parte destes, mostrando que Mark Wahlberg tem sim qualidades dramáticas, agora o diretor retorna com um trabalho de mesmo modo impactante, lidando mais uma vez com conflitos familiares e pessoas problemáticas, e extrai sem exageros ou cafonices a emoção ali presente. 

Primeiro que o filme nos apresenta uma situação que acontece com grande parte das pessoas, talvez não da maneira como ocorre com os personagens do filme, mas de um jeito ou de outro a situação é a mesma. Quando a vida pega a gente de surpresa com algo inimaginável que, quando acontece, por ser tão inesperado, ficamos sem saber como reagir abrindo uma oportunidade para atitudes levadas pelo impulso e as emoções, e com isso, acabamos piorando aquilo que já estava ruim. 


Na nossa consciência achamos estar certo, ainda que a realidade seja totalmente diferente. E lidar com os nossos sentimentos, principalmente quando envolve sentimentos de pessoas que fizeram parte da nossa vida, e foram importantes para esta, é sempre complicado. Você não quer acreditar na realidade e mente para você mesmo, no entanto, cedo ou tarde vamos ter que enfrentar, esquecendo o passado e seguindo em frente. E isso que é o mais difícil, porque nós não queremos abrir mão daquilo ao qual nos apegamos tanto. Não queremos se sentir perdedores, trocados, esquecidos, traídos e por aí vai. 

Portanto, a lição que “O Lado Bom da Vida” ensina é justamente esta: ao seguir em frente, abrimos a porta para novas oportunidades virem, e muitas vezes, por deixarmos de olhar ao nosso redor perdemos oportunidades que mudarão por completo nossas vidas, deixando de investir em pessoas que valem de fato a pena e que te valorizam muito mais do que aquelas na qual estávamos perdidamente cegos. A mudança parte de nós, não do próximo, somente de nós! 


Do mesmo modo que acontece em “O Vencedor”, aqui também temos um elenco formidável que apresenta atuações tão humanas e verdadeiras que nos identificamos com eles logo de cara. Bradley Cooper surpreende em todos os sentidos, deixando de lado o lado galã como visto em “Se Beber, Não Case!” para investir em um personagem complexo e complicado, onde o ator equilibra bem o drama com as doses de humor, sem nunca deixar de transparecer o quão machucado e sem direção o seu personagem está. 

Jennifer Lawrence é outra que caminha para se tornar a melhor atriz da nova geração. Além de linda e carismática, Lawrence é acima de tudo talentosa. Ela interpreta uma personagem tão complicada e angustiada quanto o de Cooper, e devido a isso, os dois vão criar um laço tão forte onde cada um será a oportunidade indispensável para ambos superarem os problemas e serem felizes. Lawrence e Cooper possuem uma química magnifica que não só dá ritmo ao filme, como oferece ótimos momentos de humor e emoção. 


Jacki Weaver e Robert De Niro interpretam os pais do personagem de Cooper. Weaver mantém as emoções e preocupações de mãe sempre convincentes, mas é Robert De Niro quem encanta. O ator há tempos vem atuando no piloto automático cumprindo regularmente o seu trabalho de ator, mas nunca se entregando de fato na interpretação como fazia nos velhos e bons tempos. Mas aqui, De Niro emociona e diverte na pele do pai, e cria uma química bem envolvente com Bradley Cooper mostrando que quando quer, sabe atuar. 

Então, não há mais elogios para o diretor David O. Russell que também escreveu o roteiro. Essa onda de filmes sobre conflitos e superações têm rendido ótimos exemplares e um reconhecimento merecido ao diretor, que consegue envolver o público com tramas cotidianas misturando boas doses de humor com dramas que passam longe do novelesco e melodramático. É impossível não se identificar. Grande filme!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

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