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sábado, 19 de janeiro de 2013

DJANGO LIVRE

Django Unchained/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Quentin Tarantino

Sinopse: Django (Jamie Foxx) é um escravo liberto cujo passado brutal com seus antigos proprietários leva-o ao encontro do caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz). Schultz está em busca dos irmãos assassinos Brittle, e somente Django pode levá-lo a eles. O pouco ortodoxo Schultz compra Django com a promessa de libertá-lo quando tiver capturado os irmãos Brittle, vivos ou mortos. 

Ao realizar seu plano, Schultz libera Django, embora os dois homens decidam continuar juntos. Desta vez, Schultz busca os criminosos mais perigosos do sul dos Estados Unidos com a ajuda de Django. Dotado de um notável talento de caçador, Django tem como objetivo principal encontrar e resgatar Broomhilda (Kerry Washington), sua esposa, que ele não vê desde que ela foi adquirida por outros proprietários, há muitos anos. 

A busca de Django e Schultz leva-os a Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), o dono de "Candyland", uma plantação famosa pelo treinador Ace Woody, que treina os escravos locais para a luta. Ao explorarem o local com identidades falsas, Django e Schultz chamam a atenção de Stephen (Samuel L. Jackson), o escravo de confiança de Candie. Os movimentos dos dois começam a ser traçados, e logo uma perigosa organização fecha o cerco em torno de ambos. Para Django e Schultz conseguirem escapar com Broomhilda, eles terão que escolher entre independência e solidariedade, sacrifício e sobrevivência.


De uma maneira ou de outra o faroeste sempre foi uma inspiração para Quentin Tarantino e podemos notar isso ao longo de seus filmes. Sempre com uma referência, um modo de filmar, uma música, algum detalhe onde aproveita para mostrar a sua paixão pelo gênero. Vejo muito isso nos dois “Kill Bill” e em seu trabalho anterior “Bastardos Inglórios”. Agora, chega o grande momento de o diretor lançar o seu próprio western, misturado com o seu icônico estilo de fazer cinema. 

“Django Livre” é uma grande homenagem aos clássicos filmes de velho oeste, principalmente a de mestres e pioneiros do gênero como John Ford, Howard Hanks, Sergio Corbucci (que dirigiu o Django original em 1966 estrelado por Frank Nero) e Sergio Leone, este último responsável pelo reconhecimento do western chamado Spaguetti, que foi uma maneira do cinema europeu de faturar em cima dos faroestes americanos que não estavam no auge na época. Produzidos pela Itália, nos filmes participavam atores de várias nacionalidades, tanto que um dos personagens mais icônicos desse cinema foi Clint Eastwood nas obras de Leone como: “Por Uns Dólares A Mais” e “Três Homens e Um Conflito”. 


Em “Django” temos toda a linguagem já bem conhecida de Tarantino, que assina também o roteiro. Sem dúvida é um dos melhores diretores hoje na construção de diálogos, onde em nenhum momento soam cansativos e arrastados, conseguindo prender fixamente a nossa atenção até quando o assunto é irrelevante para a história. Com isso, Tarantino cria um faroeste Spaguetti à moda Tarantino. 

Ainda que deslizando na construção dos personagens, deixando de criar um laço mais afetivo entre o público e a história do mesmo, não só aqui, mas em seus demais filmes onde o melhor acaba sendo a violência e os diálogos em si, Tarantino se sobressai justamente nesse detalhe de prender a nossa atenção criando expectativa do que pode vir a acontecer em seguida. Nunca sabemos! Sabemos que vai rolar sangue, mas nunca como, com quem e em qual momento. E juntamente com o seu dinamismo nas falas, cada gesto dos atores, cada olhar e cada palavra mencionada é um motivo para se ficar mais apreensivo ainda. 


E como o cinema é uma ferramenta que possibilita viver o impossível e os sonhos guardados no interior de cada um, Tarantino aproveita para viver esses sonhos. Se em “Bastardos Inglórios” ele fez os judeus assassinarem Adolf Hitler e todo o auto escalão nazista dentro de um cinema, em “Django” temos a vingança do escravo negro sobre os brancos. Django é a imagem da abolição, a expressão dos sentimentos dos escravos na época, mas claro, à moda Tarantino. 

Outro detalhe bem conhecido em Tarantino é a escolha dos atores perfeitos para os personagens perfeitos. Sempre quando um ator trabalha com Tarantino, pode-se esperar uma atuação totalmente diferente do habitual. Um exemplo claro disso é Leonardo DiCaprio que faz o vilão do filme. DiCaprio está excelente! Sempre com uma sutileza que gera a cada instante uma enorme imprevisibilidade, o ator dá um show criando um vilão não diria ameaçador, mas imprevisível em seus atos gerando uma tensão angustiante.. 


A dupla protagonista encabeçada por Jamie Foxx, que faz o escravo Django, e Christoph Waltz no papel do caçador de recompensas Dr. King Schltz que liberta Django e o faz seu parceiro, é digno de todos os elogios. Os dois atores possuem uma ótima química juntos e em muitos momentos Watlz rouba o filme todo para si, parecendo que ele é o próprio protagonista e não Foxx. 

Portanto, “Django Livre” é um filme imperdível, onde não só possui excelentes personagens e diálogos, como também uma produção impecável. Tarantino sabe revitalizar a seu modo qualquer assunto, seja ele guerra ou faroeste. Só não entendo o porquê de tantas polêmicas envolvendo a violência do filme, nada que não tenhamos visto em outros trabalhos do diretor e mais ainda em outros filmes que possuem uma violência bem maior e mais explicita que aqui, a exemplo o recente “Dredd” e “Kick Ass” onde temos uma menina de 12 anos matando um monte de gente. Pobre Tarantino... 


Continua sendo o meu favorito do diretor o fenomenal “Bastardos Inglórios”, mas “Django Livre” é sem dúvida a sua mais nova obra prima. Um filme para se assistir inúmeras vezes! Mais que recomendado!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

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